quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O processo cognitivo de Piaget

Nesta fase dos 2 aos 6 anos a criança encontra-se no período pré-operatório (2 aos 7 anos) onde se desenvolvem determinados conteúdos de extrema importância entre os quais sobressai a função simbólica.

A inteligência pré-operatória

Neste período, Piaget assume que a criança se encontra numa realidade que envolve vários planos: um mundo físico (objectos e relações entre eles), um meio social (pessoas e relações entre elas) e um mundo interior de representações tal como diz Riviére (1991, citado por Rodrigo, 2004).
A função simbólica (Rodrigo, 2004) possibilita a formação de símbolos mentais que representam objectos, pessoas ou acontecimentos que não estão presentes, lançando a criança num mundo de representações. Desta forma, as crianças têm a capacidade de pensar em alguma coisa sem ter que a ver à sua frente.
Quanto mais familiar for o objecto mais difícil será vinculá-lo a um símbolo.
Para além de todos estes aspectos inerentes aos símbolos, a capacidade de os compreender também se manifesta através da sua produção. Assim sendo, as crianças evidenciam a função simbólica através do desenho, da imitação, do jogo simbólico (o faz-de-conta) e até mesmo da linguagem.


Características do pensamento pré-operatório

Piaget assumia que o estádio pré-operacional era uma etapa de preparação para outras posteriores. Assim, descreveu de forma negativa as capacidades das crianças dessas idades dando ênfase às suas limitações mencionadas por Rodrigo (2004):

Aparência perceptiva/traços não-observáveis – a criança não tira conclusões a partir de propriedades que não observa directamente.
Centração/descentração – a origem da questão está apenas num só ponto de vista (o seu) desvalorizando outros pontos de vista. Centra-se também num só aspecto da realidade em cada momento.
Estados/transformações – apenas liga aos estados iniciais e finais de um processo, desvalorizando o intermédio.
Irreversibilidade/reversibilidade – incapacidade de compreender que uma operação ou acção pode fazer-se em dois ou mais sentidos.
Raciocínio transdutivo/pensamento lógico – a criança não utiliza o raciocínio dedutivo nem indutivo, salta de um aspecto particular para outro e vê uma causa onde ela não existe.

Piaget distinguiu dois sub-estádios como refere Shaffer (2005), dentro do estádio pré-operatório:
- Pensamento pré-conceptual ou de exercício da função simbólica (dos 2 aos 4 anos).
É caracterizado por um pensamento mágico, onde os desejos se tornam realidade, sem preocupações lógicas. É um pensamento sintético, isto é, global e confuso, não diferenciando o essencial do acessório. São característicos deste sub-estádio o pensamento animista, o fenomenismo, o finalismo, o artificialismo e o realismo em parte todos derivados do egocentrismo.


- Pensamento intuitivo (cerca dos 4 aos 7 anos)

O pensamento intuitivo é um pensamento baseado na percepção dos dados sensoriais. Este pensamento é irreversível, isto é, a criança está sujeita às configurações perceptivas sem compreender a diferença entre as transformações reais e aparentes. [i]

Depois de ter feito algumas observações Piaget concluiu que o pensamento da criança baseia-se apenas nas aparências perceptivas.
·         Utiliza o termo egocentrismo para mencionar um pensamento centrado no ponto de vista da criança não conhecendo outras perspectivas que difiram da.
·         Através das respostas obtidas em entrevistas clínicas que realizou, Piaget observou nas crianças um pensamento animista (atribuem vida a objectos inanimados). Se no animismo a criança dá vida às coisas, no realismo dá corpo, isto é, materializa as suas fantasias.
·         Outras manifestações do egocentrismo são o fenomenismo (estabelecer um laço causal entre fenómenos que ocorrem próximos);
·         O finalismo (pensar que deve haver uma causa para tudo);
·         O artificialismo (acreditar que as coisas foram construídas de maneira artificial pelo Homem ou por um Ser Supremo).
Denota-se, em todos estes casos, uma incapacidade básica de distinguir com nitidez o próprio mundo interior do exterior.
Por último, para Piaget, o egocentrismo também se manifesta na própria linguagem infantil. Isso demonstra o quão a linguagem está dependente do pensamento (Bassedas, Huguet & Solé, 1999).

Críticas às conclusões de Piaget

Sem sair do conteúdo ligado às teorias de Piaget, são muitos os dados que tendem a admitir uma certa subvalorização das competências das crianças nesta etapa. Fazem especialmente menção ao facto dos conteúdos usados nas experiências serem pouco familiares e não irem directamente ao encontro dos interesses das crianças. Estas variáveis têm um grande impacto na avaliação das capacidades cognitivas das crianças e quando minimizadas algumas capacidades imergem mais cedo do que Piaget supôs.



Baseado no trabalho de grupo desenvolvido por Ana Filipa Fernandes, Ana Maria Fernandes, Mónica Melo e Pedro pereira. (ESE, IPP, no ano lectivo 2010-2011)"


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