quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Capacidades cognitivas durante o período pré-escolar


Distinguir entre a fantasia e a realidade:
As crianças começam a perceber que aquilo que vêem na televisão e aquilo que acontece na realidade é diferente.m(Papalia, et al., 2001; Delmine e Vermeulen, 1992).

Classificação
Uma das capacidades de classificação desenvolvida no período escolar é a inclusão de classes (compreensão da relação entre o todo e as suas partes). Apenas no estádio das operações concretas, as crianças começam a perceber que um elemento (ex: rosas) é uma subclasse de um conjunto (ex: flores) e, em consequência, não pode haver mais do elemento do que do conjunto de elementos (ex: não pode haver mais rosas do que flores) (Papalia et al, 2001).

Raciocínio Indutivo e Dedutivo
A capacidade de classificar torna possível o pensamento lógico da criança. Os dois tipos de raciocínio lógico, dedução e indução, procedem de premissas (afirmações sobre o que conhecemos e assumimos como verdadeiro) para conclusões. A dedução inicia-se com uma afirmação geral sobre uma classe de indivíduos, animais, objectos ou acontecimentos e aplica-se aos membros particulares dessa classe. Se a premissa é verdadeira e o raciocínio é correcto, então a conclusão é verdadeira. (Exemplo: “Todos os cães ladram. O Pintas é um cão. O Pintas ladra.”)
A Indução começa com observações particulares para retirar conclusões gerais. As conclusões indutivas são menos seguras que as dedutivas, porque é sempre possível encontrar nova informação que não apoia a conclusão. (Ex: “O meu cão ladra. O cão do Tiago e o cão da Ana também ladram. Parece que todos os cães ladram.”)(Papalia et al., 2001; Delmine e Vermeulen, 1992).

Causa e efeito
A capacidade para fazer julgamentos sobre causa e efeito também aumenta durante o período escolar. Perante o comportamento de balanças, as crianças mais velhas, que se encontrem no estádio das operações concretas, dão respostas mais correctas que as mais jovens.  (Papalia et al., 2001).

Seriação e Inferência Transitiva
As crianças demonstram que compreendem a seriação (capacidade de ordenar itens com uma dimensão) quando são capazes de arrumar os objectos numa série, colocando-os por ordem segundo uma ou mais dimensões (peso, cor, etc.). Com 7 e 8 anos são capazes de compreender imediatamente as relações entre todos os pauzinhos.
A interferência transitiva é a capacidade de reconhecer uma relação entre dois objectos através do conhecimento da relação de cada um deles com um terceiro objecto e também se desenvolve no período escolar (Papalia et al., 2001).

Pensamento Espacial
As crianças (7 -12 anos) são capazes de compreender, visualizar e usar as relações espaciais. Têm uma concepção melhor da distância de um lugar a outro e do tempo necessário para lá chegar e conseguem lembrar-se melhor do caminho e dos marcos de referência que nele encontram. A experiência tem um papel importante neste desenvolvimento: a criança familiariza-se com os espaços vizinhos, com pontos que lhe chamam a atenção. Apesar das crianças de 6 anos serem capazes de procurar e encontrar objectos escondidos, não dão, habitualmente, indicações bem organizadas para encontrar os mesmos objectos. Isso pode dever-se a limitações linguísticas ou a incapacidade para reconhecer qual a informação que o interlocutor necessita (Papalia et al., 2001).

Conservação
A conservação é capacidade para reconhecer que a quantidade de uma coisa permanece igual, mesmo quando o material é modificado, desde que nada seja acrescentado ou retirado. Entre os 7 e 12 anos, as crianças já percebem, perante, por exemplo, duas bolas de barro idênticas, que mesmo após amassar uma das bolas até ficar com uma forma diferente, que continuam a ter a mesma quantidade (princípio da Identidade). De seguida percebem que a bola que foi amassada pode voltar à forma inicial (Princípio da Reversibilidade). As crianças ainda conseguem fazer a descentração, que é conseguir focar mais do que uma dimensão relevante (comprimento e espessura).
Entre os 7 e 8 anos conseguem resolver problemas envolvendo conservação da substância. Em tarefas envolvendo a conservação do peso, as crianças não dão, geralmente, respostas correctas antes dos 9 ou 10 anos. Em tarefas evolvendo a conservação do volume, as respostas correctas são raras antes dos 12 anos.   
O termo de Piaget para esta inconsistência no desenvolvimento de diferentes tipos de conservação é desfasamento horizontal: incapacidade da criança para transferir a aprendizagem acerca de um tipo de conservação para outros tipos; consequentemente, a criança realiza com mestria diferentes tipos de tarefas de conservação, em diferentes idades (Papalia et al., 2001; Delmine e Vermeulen, 1992).

O Número e a Matemática 
A sua maior capacidade para manipular símbolos, para compreender a inclusão de classes e seriação e para apreciar conceitos como a reversibilidade, possibilita o cálculo. As crianças mais novas inventam intuitivamente estratégias para adicionar, contando pelos dedos ou usando outros objectos. Pelos 6/7 anos começam a contar mentalmente. Aprendem também a contar a partir de: para somar 5 e 3, começam a contar a partir do 5. Conseguem igualmente reverter os números, começando no 3 e somando 5. Poderão ser necessários mais 2 ou 3 anos para serem capazes de realizar a operação comparável para a subtracção mas, pelos 9 anos, a maioria das crianças consegue contar no sentido ascendente ou descendente. As crianças tornam-se também mais peritas a resolver problemas simples (Papalia et al., 2001)

Declínio do Egocentrismo
            Consiste em poder distinguir o sujeito do objecto porque já não se atribuí ao objecto as propriedades do sujeito e porque se cessa de acreditar (inconscientemente) que o seu ponto de vista é único, pelo confronto das suas opiniões com as dos outros.
No plano do pensamento, o declínio do egocentrismo é mais lento do que no da percepção (Delmine e Vermeulen, 1992).

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