domingo, 2 de janeiro de 2011

Teorias da personalidade

  •  Wallon
Wallon, citado por Bastos (2003), defende que o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como um ser “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada nas relações com o meio. Para ele, a sociedade é então, uma “necessidade orgânica” que determina o seu desenvolvimento. Wallon propõe assim um desenvolvimento dividido em 6 estádios (impulsivo-emocional (recém-nascido), tónico-emocional (6 aos 12 meses), sensório-motor (12 aos 24 meses), projectivo (2 aos 3 anos), personalismo (3 aos 4 anos), categorial (6 aos 12 anos) e da adolescência (a partir dos 11 anos)), em que o estádio posterior reforma e amplia os anteriores. Para este autor, o desenvolvimento não é um fenómeno suave e contínuo, mas sim permeado de conflitos internos e externos, que causam a evolução.
Assim, a faixa etária em estudo neste trabalho corresponde então ao estádio do pensamento categorial, onde ocorre uma acentuada predominância da inteligência sobre as emoções. Neste estádio, a criança começa a desenvolver as capacidades de memória e atenção voluntárias. Formam-se categorias mentais, como conceitos abstractos e concretos e a capacidade de abstracção da criança é bastante amplificada. A criança consolida assim o seu raciocínio simbólico e usa-o como uma ferramenta cognitiva. (Bastos, 2003)

  • Freud – Teoria Psicossexual
Segundo Freud, a personalidade é marcada pelo desenvolvimento psicossexual, que se divide em 5 estádios: o oral (do nascimento até aos 18 meses), o anal (dos 18 meses aos 3 anos), o fálico (dos 3 aos 7 anos), o de latência (dos 7 aos 12 anos) e o genital (adolescência).
O período em estudo (6 aos 12 anos), denominado estádio de latência, caracteriza-se por uma etapa de relativa tranquilidade, onde há uma diminuição das pulsões sexuais e dos desejos hostis. As relações passam a ser mais tranquilas, acolhedoras e afectuosas. Isto acontece devido ao declínio da conflituosidade edipiana (complexo de Édipo/Electra) dos anos anteriores. Assim, os desejos edipianos são substituídos pela identificação com o progenitor do mesmo género do qual se apropria de determinados aspectos, atributos ou traços. Tal facto é possível pela formação do superego, com a resolução do complexo de Édipo, que pressupõe a interiorização das normas e dos valores presentes no meio social. No entanto, podem surgir alguns focos de tensão e conflito motivados por uma resolução insatisfatória dos conflitos referidos anteriormente, dando origem a relações menos tranquilas, acolhedoras e afectuosas.(Palacios & Hidalgo, 2004)

  •  Erikson – Teoria Psicossocial
Embora adopte alguns dos pressupostos de Freud, Erikson optou por uma teoria psicossocial, dando maior relevância aos aspectos sociais, sobretudo à importância das experiências vividas nas várias etapas do desenvolvimento.
Erik Erikson estudou, então, todo o ciclo de vida (do nascimento até à velhice), dividindo-o em oito estádios, em que cada estádio contribui de forma específica para a formação da personalidade, mantendo a sua importância mesmo depois de ter sido ultrapassado, visto que todo o processo é interdependente - os êxitos e fracassos vividos anteriormente influenciam os estádios seguintes. (Palacios & Hidalgo, 2004)
No período em estudo, Indústria versus Inferioridade, as crianças dedicam-se inteiramente à escola, na tentativa de aprender tudo o que precisam para se incorporarem, anos mais tarde, como membros adultos e activos do seu grupo social. Isto ajuda a criança a inclinar-se para um dos pólos (Indústria), em que através das experiências que vive, ela vai ganhando habilidades e destrezas sociais, e por isso sente-se competente e produtiva; no pólo oposto (a Inferioridade), as experiências negativas e o fracasso escolar levam a sentimentos de incompetência e de inferioridade. Assim, o contexto familiar deixa de ser o modelador com mais influência, dando lugar ao contexto escolar. (Palacios & Hidalgo, 2004)
  • Albert Bandura – A Teoria Social Cognitiva
Segundo Bandura, a personalidade resulta da interacção do contexto social, dos factores pessoais (estruturas cognitivas, expectativas, valores, competências) e do comportamento - reciprocidade triádica pois cada um dos três actua como determinante indissociável dos outros. (Papalia, Olds & Feldman, 2001; Sprinthall & Sprinthall, 1993)
Para ele, o contexto social é o cenário fundamental para a ocorrência da aprendizagem e o indivíduo pode mudar o seu comportamento através do reforço vicariante: forma de aprendizagem indirecta uma vez que resulta da observação e imitação de modelos, isto é, o sujeito aprende a partir da reprodução de um modelo que observou e cujo comportamento foi reforçado (aprendizagem por observação/modelação). A escolha dos modelos para imitar assenta nas características deste, da criança e do meio ambiente. Existe uma tendência para se imitar pessoas de estatuto elevado e cuja personalidade é semelhante à sua. (Papalia, Olds & Feldman, 2001; Sprinthall & Sprinthall, 1993)

Baseado no trabalho de grupo desenvolvido por Helena Neiva, Sara Silva, Susana Pereira e Telma Cunha (ESE, IPP, no ano lectivo 2010-2011)"

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