quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Relação Mãe-feto


Com o nascimento do casal nasce a possibilidade de uma gravidez. Quando esta possibilidade se transforma numa realidade, de uma forma planeada ou não, desejada ou não, surge a gravidez, o início da vida de um pequeno ser, em constante desenvolvimento, e com tanto para "nos" contar.
Nesta fase, os pais começam a idealizar a criança e a visualizar o bebé como um ser perfeito e idealizado. Ao contrário do que se possa pensar, a relação mãe bebé começa bem antes do nascimento, quando a mãe está grávida.
 Jogo de fantasia: Será menino ou menina? Como vai ser? Com quem se vai parecer? (...)
A criação de fantasias criadas pela mãe tais como saber se será menino ou menina, com quem será parecido, a cor dos olhos, entre outros, são factores fundamentais para a relação mãe - feto. Um outro momento de grande importância para todas as mães neste processo de criação de fantasias é a realização de ecografias, onde a mãe vê pela primeira vez o seu filho, sendo considerado um momento muito especial.
 Numa segunda fase, momento entre os três e os seis meses, os movimentos fetais começam a ser sentidos pela mãe e mais tarde pelo pai. Até este momento mãe e filho eram um só, começando a crescer a
individualidade do bebé e consequentemente a possibilidade de uma relação, vinculação.
A vinculação é essencial para o bom desenvolvimento do feto e baseia-se numa troca íntima e profunda de sentimentos entre ambos. A ausência deste vínculo leva a criança a sentir-se rejeitada pela progenitora.
A partir dos três primeiros meses de vida intra-uterina o feto torna-se capaz de registar e de dar significado às emoções e sentimentos maternos, tanto de amor como de rejeição.
Após a oitava semana o embrião passa a feto e vai se desenvolvendo cada vez mais. À décima/décima segunda semana de gestação, o sexo da criança pode ser determinado. Na décima sexta semana, a mãe começa a sentir os movimentos do bebé, os ossos começam a desenvolver-se e as orelhas ficam bem formadas.
Com o quinto mês de gestação o feto reage a estímulos auditivos que estão sempre presentes no seu desenvolvimento, estimulando as capacidades linguísticas e psicossociais.
O som tem um papel essencial no crescimento do feto, mostra-lhe que existe algo mais a descobrir e faz-lhe companhia. Por esta razão é necessário que a grávida comunique com o filho.
Está provado que o bebé distingue a voz da mãe da das outras pessoas e que, ao fim de um mês, reage ao seu próprio nome, quando pronunciado por ela.
O feto não é um sujeito passivo, no útero materno e capta os sentimentos da mãe. Como por exemplo a ansiedade. A ansiedade materna é até benéfica para o feto, pois ao perturbar a neutralidade do ambiente uterino, perturba-o também, consciencializando-o de que é um ser distinto, separado desse ambiente.
O consumo excessivo de álcool, tabaco, medicamentos e uma alimentação desequilibrada traduzem uma grande ansiedade materna e são altamente prejudiciais ao desenvolvimento físico e psíquico do feto.
Dar pontapés e mexer-se mais activamente é a forma do bebé alertar a mãe de que está a ser perturbado. Imediatamente a futura mãe capta a mensagem e começa a passar a mão delicadamente na sua barriga, passando para o feto uma atitude de compreensão, carinho e protecção.
O feto capta todas as emoções maternas:
As que o fazem entrar em sofrimento, como a ansiedade, temor e incertezas, provocam-lhe reacções mais fortes e contínuas.
Acontecimentos graves, como perdas, ou situações que atingem directamente a gestante, como por exemplo discussões conjugais ou com pessoas próximas, são causas de grande sofrimento fetal e, muitas vezes, não há como evita-los. As de alegria e felicidade, por não alterarem o ambiente intra-uterino, permitem que os seus movimentos permaneçam suaves e harmoniosos.
Em suma, cada um de nós ao nascer, é a linguagem do desejo dos pais.

        Bee, Helen O Ciclo Vital, Artmed Editora



Sem comentários:

Enviar um comentário